Foto: Renan Mattos (Diário)
A Operação Caementa foi deflagrada no dia 7 de novembro pela Polícia Federal. Oito pessoas são investigadas, ninguém está preso
Foi realizada hoje, no Salão do Júri do Fórum de Santa Maria, a assembleia geral dos credores do Grupo Supertex. As duas pautas a serem discutidas eram sobre a escolha do administrador judicial das empresas que seguirá na gestão dos serviços e a constituição do comitê de credores para auxiliar na administração.
Há um mês, o juiz Michel Martins Arjona, da 3ª Vara Cível de Santa Maria, determinou a destituição dos administradores das cinco empresas que compõem o grupo do setor de construção civil. A primeira reunião, no dia 10 deste mês, não foi realizada por falta de quórum.
Para viabilizar a continuação da operação do grupo até a realização da assembleia, o juiz estendeu a nomeação da administradora judicial para a pessoa jurídica "Francini Feversani & Cristiane Pauli Administração Judicial S/S Ltda" em caráter temporário. A assembleia de hoje durou cerca de quatro horas. As duas demandas foram atingidas. Gilmar Laguna foi escolhido o novo gestor judicial das empresas. Também foi formado o comitê para auxiliar na administração e na fiscalização do Grupo Supertex.
- A gente está diante de uma situação bastante excepcional, não é função típica da administração judicial fazer a gestão da empresa. A gente assumiu esse cargo em respeito aos credores e empregados, afinal, estamos falando de mais de 400 empregos diretos, sem contar os indiretos. O período de maior turbulência a gente conseguiu superar - diz Francini Feversani, administradora judicial.
Segundo ela, a assembleia reuniu quase R$ 40 milhões dos créditos sujeitos a recuperação judicial, o que dá mais de 50% dos valores devidos.
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Ainda na tarde de hoje, a ata seria entregue ao juiz Michel Arjona para que o resultado fosse homologado. Depois disso é que Laguna passará a ser responsável por administrar as empresas. O juiz deve homologar a decisão amanhã. Gilmar já prestava assessoria externa para a empresa.
Quando a empresa entrou em recuperação judicial pela primeira vez, havia mais de 2 mil credores, o que representava cerca de R$ 90 milhões em créditos. Após, baixou para 1,7 mil credores, o que equivale a R$ 70 milhões em dívidas. As empresas continuam operando normalmente. Outra assembleia irá deliberar sobre o plano de recuperação do grupo empresarial.
A INVESTIGAÇÃO
Em 7 de novembro, a Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram a Operação Caementa, que atingiu o maior grupo empresarial de Santa Maria do segmento de produção de concreto, extração e comércio de areia e pedra, que movimentaria R$ 1 milhão por dia. O esquema envolveria desvio de patrimônio de parte da empresa, que estava em recuperação judicial, não pagamento de R$ 189 milhões em impostos e fraude em licitações. O prejuízo ao cofres públicos pode chegar a R$ 330 milhões.
Oito pessoas foram presas em Santa Maria à época, entre elas o sócio da Supertex, Elizandro Basso. A defesa do empresário não divulgou o que ele disse à polícia durante as investigações, e informou que o cliente estaria colaborando com tudo que foi solicitado pelos investigadores.